Quando ensinar é [principalmente] aprender

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Ao me deter para ouvir e compreender as (im)potentes vozes dos sujeitos subalternizados, na escola, nas ruas, nas redes sociais, busco refletir sobre alguns dos movimentos que poderiam vir a ser incitados por essas vozes, principalmente os questionamentos que elas poderiam suscitar ao pensamento discursivo hegemônico e às praticas pedagógicas que tratam a linguagem como um campo de questões resolvidas e consolidadas. Nesse sentido, empreendo uma reflexão em que investigo as (im)possibilidades de produção de saberes em meio às experiências de dominação/subalternização a que são submetidos cotidianamente, na escola e na vida, os filhos e filhas das classes populares, partindo de algumas das questões que têm mobilizado meu pensamento e esforço de mediação como professor de linguagem.  Dentre essas questões, refletido sobre as (im)possibilidades da linguagem constituir-se como instrumento de luta na desconstrução das subalternidades. Em termos mais específicos, detenho-me sobre algumas resistências cotidianas ao ensino da língua de poder e como elas podem vir a configurar outras formas de aprender e de produzir conhecimentos. Nessa empreitada, estou considerando que mesmo as experiências de opressão e subalternização podem ensinar, como destaca Boaventura (2000). Além disso, considero e reconheço, como bem ensinou Paulo Freire, em sua Pedagogia do Oprimido, que das experiências de dominação/subalternização os sujeitos produzem saberes, (re)lendo e (re)escrevendo o mundo. Vale destacar que as questões acima não se esgotam em si mesmas, mas surgem como (des)caminhos que me ajudam a prosseguir no processo, sempre em construção, que me constitui professor-pesquisador, que vive e enfrenta as (in)tensas relações entre culturas e linguagens, entre diferentes lógicas, bem como entre a produção e socialização de conhecimentos na escola e para além dela. Enfrentar o que me tomba, já que não poderia – como alguns preferem – simplesmente atravessar-me, é o desafio a que me proponho, entendendo que ele faz parte da luta de muit@s professor@s que, como eu, portam angústias e inquietações coletivas, histórias que precisam ser narradas, esperanças e sonhos que precisam ser compartilhados.


Autor: Vilson Ferreira 

ISBN: 978-65-86757-42-2

Formato: 14×21

Número de Páginas: 96